História das epidemias e pandemias que assolaram o mundo.
Em 1918,
a humanidade enfrentou pela primeira vez, em larga escala, o vírus influenza.
A primeira morte confirmada ocorreu no Kansas, estado onde as principais bases
militares dos EUA estavam instaladas. Apesar da “primazia” norte-americana, a
doença ficou mundialmente conhecida como gripe espanhola – porque a Espanha era
um dos poucos países com imprensa livre na época e não omitia dados sobre ela. A
doença se espalhou em um momento crítico da humanidade. A Primeira Guerra
Mundial (1914- -1918) foi determinante para a disseminação da pandemia. Em
menos de dois anos, o vírus infectou cerca de 500 milhões de pessoas, o que
representava um quarto da população mundial. O número de vítimas fatais é
incerto – alguns historiadores falam em mais de 100 milhões. “Os números vão
ser sempre subestimados porque não havia controle. Não existia um serviço de
saúde que contabilizasse as mortes, muitos morriam sem atestado de óbito”,
explica Anny Torres, doutora em história da medicina. Para o historiador
econômico Vinicius Müller, é difícil separar os impactos da guerra dos da
gripe. Fato é que, depois da guerra e do surto, as exportações da Inglaterra,
então a maior potência do planeta, desabaram 20%. No Brasil, desde o fim do
século XIX já existia um movimento para a melhoria do saneamento básico e do
processo de urbanização, intensificado após a Revolta das Vacinas (1904). Os
rumores da doença que matava no dia seguinte se espalharam pelo país antes
mesmo de o vírus chegar, o que despertou uma resposta rápida da população
diante da confirmação dos primeiros casos: escolas e comércio foram fechados,
com exceção das atividades essenciais. No final, foram 35 mil mortos no país
nos meses em que a gripe permaneceu por aqui. Entre eles, o presidente
Rodrigues Alves – o mesmo que, em 1904, durante seu primeiro mandato como chefe
da nação, tornou obrigatória a vacinação contra varíola, encabeçada pelo
ministro da Saúde,
Oswaldo Cruz. Como a doença era altamente contagiosa, era proibido o contato
com os mortos. Os enterros, a exemplo do que ocorre hoje com o coronavírus,
eram feitos sem a presença da família. “A taxa de mortalidade era maior entre
os jovens e adultos, uma coisa inesperada. A gripe tem uma taxa de mortalidade
muito alta até hoje [o Ministério da Saúde registrou 1.122 óbitos em 2019], mas é uma doença
com a qual nos acostumamos, e por isso a tratamos como leve”, diz Anny Torres.(
Fonte Forbes Brasil)
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