Olímpiadas de Verão e Inverno e Copas do Mundo da Fifa
podem servir como uma propaganda transmitida para o mundo todo.
Países emergentes sediaram as
últimas edições de grandes eventos esportivos. Brasil, China, África do Sul e
Rússia — todos membros do Brics — receberam Copas do Mundo da Fifa e
Olimpíadas, tanto de inverno quanto de verão. Por trás das luxuosas cerimônias de
abertura e dos grandes investimentos em infraestrutura para receber atletas e
turistas, há um interesse em ganhar destaque e relevância na geopolítica
mundial.Não há como generalizar os motivos de cada país para receber esses
eventos, mas todas as razões podem ser conectadas ao conceito de soft power
(poder brando). O termo do campo de estudo das relações internacionais tenta
explicar as ações de uma nação para mostrar força e imponência em relação a
outras. Esse poder brando surge como opção para que emergentes mostrem ao
primeiro mundo que possuem meios de figurar em posição de destaque. O hard
power (poder bruto), por outro lado, se dá a partir das demonstrações de força
militar, como testes bélicos e apresentações de novos armamentos. “Os
países muito poderosos, que têm poder financeiro para fazer o uso do hard
power, sempre se valeram disso”, explica o internacionalista e mestre em gestão
do esporte Virgílio Neto. “O que sobra para os países que não têm este tipo de
recurso fazerem valer suas ações no cenário internacional, uma vez que eles não
têm o recurso para o hard power, é o soft power”. Segundo Neto, o poder brando
também é importante para que as grandes nações que possuem força militar
“limpem” sua imagem perante o mundo. O internacionalista cita o exemplo
das agressões aos migrantes haitianos na fronteira dos Estados Unidos, que, apesar das imagens fortes, deixam de ser lembradas
diante da influência norte-americana por meio dos esportes nacionais. “O
resultado da publicação do vídeo dos patrulheiros da fronteira agredindo
haitianos causa alguma repulsa na opinião pública internacional. Mas essa
imagem é capaz de ser amenizada a prazo por conta do futebol americano, que é
acompanhado por parte dessa opinião internacional.” Durante a Guerra
Fria, a União Soviética e os Estados Unidos usaram os Jogos Olímpicos como
forma de mostrar todo o poder esportivo e organizacional que cada pátria
possuía. Com a queda do Muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, a
polarização mundial em apenas dois lados acabou.Atualmente, não existe entre as
nações um confronto tão claro e direto como a Guerra Fria, mas a necessidade e
o desejo de se mostrar forte perante o mundo não mudou.“O soft power ajuda
ideologias localizadas em países. Não há uma ideologia como antes — socialista
ou capitalista —, não está tão bipolarizado assim, mas cada região e país
trabalha seu soft power de uma maneira bastante localizada”, afirma Neto.Entre
2008 e 2018, os membros do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul) sediaram seis dos nove edições de
grandes eventos esportivos mundiais (Copas do Mundo da Fifa e Olimpíadas de
Verão e Inverno). Para o internacionalista esta é uma forma que estes países
encontraram de se projetar para o mundo.“A gente é abastecido diariamente com
informações da Rússia com uma Copa do Mundo no país. Não apenas sobre o evento
de futebol, mas de informações sobre o país e de produtos do país.
Eventualmente um filme russo, uma série ou até mesmo uma telenovela.”Um grande
evento esportivo serve, por exemplo, como as produções hollywoodianas. O modo
de viver do país sede é transmitido por um mês para todo o mundo, que pode se
convencer ou não a realizar uma visita ao local ou até mesmo criar um apreço
pela cultura local.( Fonte R 7 Noticias Internacional)
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