Crianças migrantes relatam
condições desumanas em centros de detenção dos EUA.
Mais de 20 mil menores estão em cerca
de 200 centros de detenção em 22 estados; crianças relatam frio, fome e
negligência.
Os mais de 20 mil menores migrantes detidos nos campos de
fronteira dos EUA passam frio, fome
e vivem condições desumanas, concluiu uma reportagem da BBC publicada nesta
segunda (24).Ariany, de dez anos, passou 22 dias detida depois de sair de
Honduras e atravessar a fronteira sozinha no início do ano. Ela ficou no campo
de Donna, no Texas – uma das estruturas mais precárias e superlotadas do país.No
final de março, imagens divulgadas pelo CBP (Alfândega e Proteção de
Fronteiras) mostraram que a instalação, projetada para acomodar 250 pessoas,
abrigava mais de 4 mil no pico de ocupação. A menina relata que passou dias em
um cubículo de plástico junto de outras crianças, bebês e adolescentes. O único
abrigo era um cobertor de emergência. “Não tínhamos onde dormir, então
dividíamos esteiras. Éramos cinco meninas em duas esteiras”, relatou. Ariany
encontrou a mãe, Sonia, no final de março.Calcula-se que cerca de 36 mil
crianças entraram nos EUA desacompanhadas entre
março e abril – o número mais alto dos últimos anos. Boa parte dos menores viaja
sozinha na esperança se encontrar os pais que já estão nos EUA. Pelo menos 80%
já têm familiares no país, apontou Washington.‘Geladeira’ As crianças já esperam as condições que lhes aguardam ao atravessar a
fronteira. Entre eles, os centros de detenção gerenciados pelo
governo norte-americano são chamados de “geladeira” devido ao frio e ao
tamanhos das instalações. Pelo menos 13 áreas como essa foram construídas em
2020. São mais de 200 centros distribuídos em 22 estados.Cindy, uma migrante de
16 anos, também sitiada em Donna, relatou que dividiu seu cubículo com 80
meninas. A maioria dos menores estava molhada sob os cobertores, devido ao
gotejamento dos canos. “Todos os dias acordávamos encharcados”, disse. Assim
como Cindy, Paola relata que recebeu comida vencida, estragada e mal cozida.
“Algumas meninas desmaiavam”, lembrou Jennifer, de 17 anos. Segundo ela, muitas
só tomam banho uma vez por semana, e outras ficam semanas sem realizar higiene básica.
Piolhos são comuns. Nos cubículos, os mais velhos tentam ajudar os mais novos,
que choram com medo de nunca mais sair dali. “Eu tentava confortá-los, mas
também tinha dúvidas se poderia sair. Durante vários dias, ninguém pediu o
contato ou o endereço da minha mãe”, relatou Paola.
A crise migratória nos EUA O aumento da migração de
menores desacompanhados nos EUA está ligado às políticas de Joe Biden,
no poder desde janeiro. O presidente permitiu que crianças entrassem no país
enquanto suas reivindicações eram processadas. Assim que assumiu o cargo, Biden
também suspendeu o programa de protocolos de proteção ao migrante, sancionado
por Donald Trump.
A medida exigia que migrantes aguardassem a liberação do visto no México
enquanto seus casos eram julgados pela imigração dos EUA.O democrata ainda
criou uma força-tarefa para reunir famílias divididas durante a chamada
política de “tolerância zero” de Trump e interrompeu a construção do muro na fronteira com o
México. Ao mesmo tempo, investiu em uma
campanha de propaganda na América Central e do Sul para
desestimular a migração.Milhões de cidadãos da América Latina têm nos EUA a
esperança de melhores condições de vida em meio à pobreza, à violência e
à devastação econômica deixadas pela
Covid-19 e pelos furacões no
continente. Em sua maioria, os menores são adolescentes da Guatemala,
de Honduras e de El Salvador. As crianças são enviados por parentes sozinhos ou
por contrabandistas
que cobram milhares de dólares pela travessia. Também há casos
de famílias que acompanham as crianças até a fronteira e as enviam sozinhas para
aumentar a chance de entrada nos EUA. Questionado, o Departamento de Saúde
norte-americano afirmou que as crianças migrantes recebem um ambiente seguro e
saudável. “Há acesso a alimentos nutritivos, roupas limpas, camas confortáveis,
educação, atividades recreativas e serviços médicos”, disse o órgão à BBC.( Fonte A
Referencia Noticias Internacional)
Nenhum comentário:
Postar um comentário