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segunda-feira, 30 de março de 2020

NOTICIAS GERAL-HOSPITAIS LOTADOS

Mulheres grávidas

Coronavírus: em meio a medo de contágio e hospitais lotados, grávidas optam por parto domiciliar

Em sua segunda gravidez, a advogada Juliana Rocha Sanchez Ribeiro, de 35 anos, já tinha tudo planejado para a chegada do bebê, Vinícius, prevista para meados de maio. Depois de ter o primeiro filho, Bernardo, por cesariana, desta vez ela estava com tudo pronto para um parto hospitalar humanizado. Até que surgiu o novo coronavírus.
"Quando começou a surgir esse cenário mundial de coronavírus, de pandemia, eu e meu marido conversamos e falamos, quando isso chegar no Brasil, não vai dar certo ter um parto (no hospital) e, pelo que está se desenhando, vai chegar na época que o bebê vai nascer", diz Ribeiro à BBC News Brasil.Ela e o marido, Cleber, decidiram então que a melhor opção seria um parto domiciliar, feito na própria residência da família, em São Paulo, com acompanhamento de obstetrizes e enfermeiras obstetras.Ribeiro faz parte de um número crescente de grávidas que planejavam ter seus filhos em um hospital mas, diante da pandemia, decidiram pelo parto em casa. Além do temor de contaminação pelo vírus, há o medo de que o sistema hospitalar entre em colapso diante do grande volume de doentes, com falta de médicos, enfermeiros, equipamentos e leitos."Por volta de 10% das mulheres que estão com as nossas equipes para parto hospitalar estão nos perguntando se podem ter o parto em casa", diz à BBC News Brasil a obstetriz Ana Cristina Duarte, coordenadora do Coletivo Nascer, grupo de obstetras e obstetrizes que atendem partos hospitalares humanizados em São Paulo, e diretora do Siaparto (Simpósio Internacional de Assistência ao Parto).Duarte afirma que sua equipe de parteiras, que cobre partos hospitalares humanizados, agora se prepara para atender partos em casa diante da procura gerada pela pandemia.Colapso do sistema hospitalar. "Acredito que vai chegar um momento em que os hospitais vão precisar disponibilizar mais quartos para atender quem realmente precisa de um atendimento médico de urgência", ressalta Ribeiro, que está na 32ª semana de gestação."Por mais que tenha a lei do acompanhante (que garante à gestante o direito a acompanhante durante o parto), é um momento tão delicado que eu acho até difícil você exigir 'eu quero o meu marido aqui comigo', transitando livremente o tempo todo, enquanto tem gente ali precisando de socorro para viver."O fenômeno não se restringe a grávidas no Brasil. Nos Estados Unidos, que na quinta-feira (26/03) se tornaram o país com o maior número de casos de covid-19 (a doença causada pelo novo coronavírus) no mundo, com mais de 100 mil infectados e mais de 1,5 mil mortes, parteiras relatam um enorme aumento na procura por partos domiciliares.

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