Ex-presidente ficará 18 meses preso por após tentar um
golpe de Estado; decisão da justiça foi motivada pelo risco de fuga do réu.
O ex-presidente do Peru,
Pedro Castillo, permanecerá na prisão por 18 meses, após ser detido para ser
investigado por rebelião ao tentar dar um golpe de Estado e dissolver o
Congresso peruano, desencadeando protestos violentos, que acumulam 15
mortes, sob um estado de emergência nacional.A Direção Regional de Saúde
anunciou as mortes de sete pessoas na quinta-feira (15), após confrontos entre
manifestantes e militares em Ayacucho, sul do país. De acordo com a Defensoria
do Povo, duas pessoas morreram em um protesto no aeroporto da cidade. O balanço
de mortos nos protestos subiu para 15 pessoas, no dia em que um juiz da Suprema
Corte declarou procedente o pedido do Ministério Público para manter a prisão
preventiva de Castillo por 18 meses e investigá-lo por rebelião e conspiração.
A decisão do magistrado é baseada no fato de haver "perigo de fuga"
do réu, que tentou buscar asilo na embaixada mexicana em Lima após o autogolpe
fracassado de 7 de dezembro. A medida se estende até junho de 2024.O estado de
emergência declarado pelo novo governo permite às Forças Armadas participar da
segurança interna. "Exigimos que as Forças Armadas cessem imediatamente o
uso de armas de fogo e bombas de gás lacrimogêneo lançadas de
helicópteros", disse a Defensoria. A entidade reportou 340 feridos e, de
acordo com a Polícia, quase metade são da sua instituição.Os protestos mais
intensos, com milhares de pessoas em todo o país, acontecem no sul, onde cinco
aeroportos (Andahuaylas, Arequipa, Puno, Cuzco e Ayacucho) permanecem fechados.Mais
de 100 vias estão bloqueadas, o que dificulta o transporte e o abastecimento.
Cerca de 2 mil caminhões de carga da Bolívia estão retidos no sul peruano. Em
Lima, dezenas de manifestantes acampam ao redor da prisão policial onde está
detido Castillo, que tentou dar um autogolpe no último dia 7 e dissolver o
Congresso.Opositores do ex-presidente afirmam que parte de seu apoio vem do
Movadef, braço político do Sendero Luminoso, guerrilha maoísta que semeou o
caos no Peru nas décadas de 1980 e 1990."Desde o dia em que Castillo
assumiu a presidência já éramos terroristas. Não o deixaram governar, éramos
ladrões, corruptos", criticou Vilma Vásquez, 42, sobrinha do
ex-presidente, nas imediações da prisão. "Vamos ficar até que ele saia.
Peço que as passeatas sejam pacíficas."Os manifestantes pedem a libertação
de Castillo, a renúncia de sua sucessora constitucional, a ex-vice-presidente
Dina Boluarte, o fechamento do Parlamento e a realização de eleições gerais
imediatas. Cerca de 300 pessoas marchavam do lado de fora da prisão, sob forte
vigilância da polícia.Diante dos protestos, o governo de Boluarte declarou na
quarta-feira um estado de emergência de 30 dias.Em cerimônia na Força Aérea na
quinta-feira, Dina pediu ao Congresso que aprove a reforma constitucional para
antecipar as eleições gerais de 2026 para 2023. "Peço ao Congresso que
tome as melhores decisões para encurtar os prazos.""Pedro Castillo
continua sendo o meu presidente, mas o retiraram ilegalmente. Dina Boluarte não
representa em nada o país", criticou o indígena Irineo Sánchez, que está
em Lima para participar dos protestos.O Parlamento iniciou na quinta-feira um
debate para antecipar as eleições gerais, o que exige uma reforma
constitucional. Enquanto isso, peruanos de todo o país também se concentravam
ao redor da Praça San Martín de Lima, epicentro histórico dos protestos."Não
somos terroristas. O presidente foi sequestrado. Não existe justiça, têm que
fechar o Congresso", protestou a dona de casa Lucy Carranza, 41.A situação
também causou problemas diplomáticos para o Peru, que convocou hoje para
consultas seus embaixadores em Argentina, Bolívia, Colômbia e México, em rechaço
à decisão desses governos de apoiar Castillo.( Fonte R 7 Noticias
Internacional)