Crianças que sobreviveram ao massacre relatam como o
atirador agiu durante a ação que matou 19 alunos e duas professoras.
Às vésperas da visita do presidente Joe Biden, os primeiros
depoimentos de crianças sobreviventes do massacre de Uvalde foram ouvidos neste
sábado (28), descrevendo o horror na escola no Texas, onde um jovem atirador
matou 19 alunos e duas professoras.No dia anterior, as autoridades do Texas
haviam admitido que a polícia tinha tomado uma "decisão errada" ao
não entrar rapidamente na escola depois de ser alertada.Na terça-feira (24), a
polícia levou cerca de uma hora para pôr fim ao massacre, apesar de vários
telefonemas de crianças pedindo uma intervenção. Os 19 agentes que se
encontravam no local aguardavam a intervenção de uma unidade especializada da
polícia de fronteira. Lá dentro, um grupo de alunos estava trancado em uma
sala de aula com o atirador, Salvador Ramos, de apenas 18 anos e equipado com
fuzil semiautomático e colete tático. Ao entrar na sala de aula, Ramos
fechou a porta e se dirigiu às crianças. "Vocês todos vão morrer",
disse antes de abrir fogo, segundo afirmou o sobrevivente Samuel Salinas, de 10
anos, ao canal ABC nesta sexta-feira (27). "Acho que ele estava
mirando em mim", confessou o menino, mas uma cadeira entre ele e o
atirador bloqueou a bala. Deitado no chão da sala de aula coberto de
sangue, Samuel Salinas fingiu-se de morto para não ser alvo dos tiros.Ao seu
lado, Miah Cerrillo, de 11 anos, tentou escapar da mesma forma à atenção de
Salvador Ramos. A menina se cobriu com o sangue de um parceiro, cujo corpo
estava ao lado dela, explicou à CNN, em um depoimento não filmado. Ela tinha
acabado de ver o adolescente matar sua professora. Outro estudante,
Daniel, disse ao jornal Washington Post que, enquanto as vítimas esperavam a
polícia vir em seu socorro, ninguém gritou. "Fiquei assustado e
estressado, porque as balas quase me atingiram", disse. Seu
professor, que ficou ferido no ataque, mas sobreviveu, sussurrou aos alunos
para ficarem calmos e quietos. Uma menina, também baleada, pediu
educadamente à professora que chamasse a polícia, dizendo que estava
"sangrando muito", contou Daniel, que não consegue mais dormir
sozinho e tem pesadelos.As crianças que sobreviveram "estão traumatizadas
e terão que conviver com isso por toda a vida", afirmou sua mãe, Briana
Ruiz. Samuel Salinas também disse que teve pesadelos, nos quais viu o
atirador. A ideia de voltar para a escola, ou mesmo ver os colegas novamente,
ainda é aterrorizante. "Eu realmente não estou com vontade",
confessou, acrescentando que queria "ficar em casa" e
"descansar". Pressionado por repórteres para explicar seu tempo
de resposta muito criticado, Steven McCraw, diretor do Departamento de
Segurança Pública do Texas, declarou nesta sexta-feira que a polícia acreditou
que "poderia não haver mais sobreviventes". No entanto, a
polícia recebeu inúmeras ligações de várias pessoas das duas salas invadidas,
incluindo uma de uma criança às 12h16, mais de meia hora antes da intervenção
policial, às 12h50, dizendo que "entre oito e nove alunos estavam vivos
", admitiu McCraw.Neste domingo (29), o presidente dos Estados Unidos e
sua esposa, Jill Biden, irão a Uvalde, para "compartilhar o luto" dos
habitantes dessa pequena cidade, consternados por um dos piores massacres com
arma de fogo dos últimos anos no país. "Podemos tornar a América mais
segura", disse Joe Biden em um discurso neste sábado, lamentando que
"muitas pessoas inocentes tenham morrido". "Não
permitiremos que aqueles motivados pelo ódio nos separem ou nos assustem",
disse a vice-presidente Kamala Harris, que em meados de maio compareceu ao
funeral de uma das dez vítimas negras mortas em um tiroteio racista em Buffalo,
Nova York.( Fonte R 7 Noticias Internacional)