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segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Assassinatos na Amazônia cresceram com caça a aviões clandestinos e tráfico pelos rios, mostra estudo.

O estudo, do Insper, mostra que as comunidades ribeirinhas às margens das rota de cocaína concentraram a maior parte do aumento dos homicídios desde então. 

Municípios que não estavam nas rotas do tráfico também tiveram aumento de letalidade, porém muito menor e mais tardio. O aumento na quantidade de assassinatos na Amazônia nos últimos 20 anos está conectado à dinâmica do tráfico de drogas pelos rios da região e, de forma indireta, à política de interdição do espaço aéreo brasileiro contra aeronaves não autorizadas. A conclusão é de pesquisadores que analisaram dados que vão desde homicídios até o consumo de combustível para aviões na região. A partir de 2004, quando novos sistemas de monitoramento aéreo passaram a permitir que aeronaves suspeitas fossem interceptadas pela Força Aérea Brasileira, traficantes passaram a usar os rios da região com mais intensidade. A mudança fez com que mais integrantes dos grupos criminosos se espalhassem ao longo das rotas fluviais para cuidar da logística: encontrar locais para abastecer os barcos, armazenar a droga, aliciar barqueiros, providenciar alimentação. O estudo, do Insper, mostra que as comunidades ribeirinhas às margens das rota de cocaína concentraram a maior parte do aumento dos homicídios desde então. Municípios que não estavam nas rotas do tráfico também tiveram aumento de letalidade, porém muito menor e mais tardio. A taxa de homicídios no Amazonas –onde estão mais da metade dos municípios por onde passam as rotas do tráfico– praticamente dobrou em duas décadas, mostram estatísticas do governo estadual: de 2004 a 2024, a letalidade foi de 13,6 para 24,6 mortes por 100 mil habitantes. O pico de assassinatos ocorreu em 2021, com 35,1 homicídios por 100 mil (158% maior do que no início da interdição aérea). O estudo aponta que, no período de 2005 a 2020, um em cada quatro homicídios nos municípios que estão nas rotas pode ser atribuído ao deslocamento do tráfico de drogas para os rios. Isso corresponde a 1.430 assassinatos em 15 anos. Além disso, o tráfico seria responsável por 41% do aumento na taxa de homicídios nessas comunidades. Segundo os pesquisadores e autoridades policiais da região, esses homicídios ocorreram principalmente por causa das disputas pelo domínio do território. Uma quantidade menor de assassinatos pode estar ligado ao contato de traficantes com moradores, diz Rodrigo Soares, um dos autores do estudo e professor titular do Insper. "Já a partir de 2005 começa a haver um aumento das apreensões [de cocaína] e um aumento de violência. Neste primeiro momento, isso não é associado a uma presença massiva de grandes facções, como observamos hoje", explica Soares. O tráfico de drogas era feito por quadrilhas locais e menores, ele afirma. "Tudo isso passa a ser intensificar a partir de meados dos anos 2010, quando de fato essa rota começa a ser mais estratégica." A passagem pela amazônia é estratégica porque a região fica entre os três países com a maior produção de cocaína no mundo –Colômbia, Peru e Bolívia– e portos marítimos que levam ao mercado consumidor da Europa. O estudo aponta 16 rios que conectam esses países andinos com a foz do Amazonas e servem de passagem de cocaína. Todos têm vazão suficiente para comportar grandes embarcações durante a maior parte do ano. Apenas uma pequena proporção da droga que passa nessa região fica no Brasil, mas o suficiente para os pesquisadores notarem um leve aumento nas mortes por overdose nos municípios que compõem as rotas fluviais. Segundo o coronel Cesar Mello, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e oficial da Polícia Militar do Pará, quadrilhas locais de traficantes são contratadas por grandes facções criminosas como Comando Vermelho, PCC (Primeiro Comando da Capital) e grupos internacionais para fazer o transporte pelos rios. O pagamento é em cocaína. Além da interdição do espaço aéreo, que representou um ponto de virada na logística do tráfico na região, Mello explica que outros motivos tornam o transporte fluvial mais atrativo. O transporte por avião era mais seguro até 2004, porém muito mais caro. Era necessário contratar pilotos experientes (o clima faz com que a aviação na amazônia seja difícil) e dispostos a encarar o risco de flagrante. Os pousos ocorriam sempre em pistas precárias. e havia a necessidade de conseguir também a colaboração de mecânicos de avião. "Hoje apenas na época mais seca do ano, quando a fiscalização consegue bloquear os caminhos com mais eficácia, nós vemos um aumento pequeno do uso de avião [para o tráfico]. São dois meses no ano", conta o coronel. O coronel afirma que a melhora no enfrentamento a esses crimes virá apenas com investimento mais eficiente do governo federal e investigações focadas no financiamento das facções. Ele enumerou casos em que polícias locais receberam doações de equipamentos ineficazes para as condições locais, como jetskis e helicópteros que não têm autonomia de combustível para atravessar as grandes distâncias da floresta tropical. "É muito mais fácil, barato e seguro enfrentar o tráfico nos rios amazônicos. Temos uma densidade populacional muito pequena na amazônia, e se a droga não for apreendida aqui [nos rios], ela vai para os centros urbanos, e isso acarreta operações com troca de tiros intensas e um monte de vítimas pelo meio do caminho", diz o coronel Mello. "Se não fizermos o enfrentamento às drogas, não tem como diminuir a violência nessas cidades –a não ser que o Estado deixasse as facções terem a hegemonia do território, o que é inaceitável. O que posso te garantir é que, se a gente não resolver o tráfico, a gente não resolve o problema dos homicídios." Já Soares, do Insper, aposta que a tecnologia de satélites pode servir como ferramenta para monitorar o trânsito de embarcações suspeitas, e diz que há experiências bem-sucedidas no combate à pesca ilegal que podem servir de inspiração para isso. "É preciso termos um esforço para pensar em como usar a tecnologia da melhor forma possível de forma a detectar movimentos suspeitos e gerar respostas rápida [das autoridades]", diz Soares. Questionado, o Ministério da Justiça afirmou que o combate ao crime organizado é uma prioridade na atual gestão e que a coordenação-geral de Fronteiras e Amazônia (CGFRON) da pasta "atua de forma direta na repressão ao tráfico de drogas pelas rotas fluviais, na proteção das comunidades ribeirinhas e no apoio a todas as ações voltadas à preservação dos biomas nacionais". De 2020 a 2024, segundo o ministério, as Operações Divisas e Fronteiras e Águas Seguras geraram a apreensão de 120 toneladas de drogas apreendidas, 1.792 armas de fogo e mais de 25 mil munições retiradas de circulação, 3.206 prisões e R$ 3,3 bilhões em prejuízos financeiros impostos às organizações criminosas. A Secretaria de de Segurança Pública do Amazonas afirmou que, desde 2019, o governo estadual tem feito grandes investimentos na área, com aumento de efetivo e compra de novos equipamentos. Disse também que isso "tem rendido resultados positivos, uma vez que o Amazonas registrou no primeiro semestre de 2025, que 62% dos municípios estaduais reduziram ou não registraram crimes de homicídios". A pasta destacou a convocação de 2.800 policiais civis e militares aprovados no concurso de 2022, o primeiro em 11 anos. E disse que o governo reforçou abordagens nos rios a partir de cinco bases flutuantes "que além de combate ao narcotráfico, tem combatido, também, a biopirataria e os crimes ambientais". A Força Aérea Brasileira não respondeu os questionamentos da reportagem.(Fonte Brasil ao minuto Noticias)

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