Segundo relatos, forças de segurança usaram munição real
para dispersar manifestantes em Cartum e outras cidades do país.
Ao menos 15 pessoas foram mortas nesta quarta-feira (17) durante
a mais sangrenta repressão aos protestos contra o golpe militar ocorrido em
outubro no Sudão, informou um sindicato médico pró-democracia.Apenas nos
subúrbios do norte da capital, Cartum, 11 pessoas, entre elas uma mulher, foram
alvejadas por tiros, segundo os médicos. As forças de segurança visavam "a
cabeça, o pescoço ou o tronco" dos manifestantes, disse o sindicato. No
total, desde o golpe de 25 de outubro, pelo menos 39 pessoas, incluindo três
adolescentes, morreram, e centenas ficaram feridas.A repressão pareceu piorar
nesta quarta-feira. Ao meio-dia, o novo governo militar cortou todas as
comunicações telefônicas. A internet está inacessível desde 25 de outubro.No
terceiro dia de protestos em massa, os ativistas não puderam se mobilizar por
SMS, como de costume, e havia apenas alguns milhares de manifestantes – em
ocasiões anteriores, haviam sido dezenas de milhares. Todavia, a implantação de
segurança e repressão foi mais forte."Foi um dia muito ruim para os
manifestantes", disse Soha, uma manifestante de 42 anos, à AFP, em Cartum.
“Vi uma pessoa ferida a bala atrás de mim, e houve muitas prisões”,
acrescentou."Crimes contra a
humanidade"A Associação de Profissionais do Sudão, uma das mais ativas na revolta
de 2019 que derrubou o ditador Omar al Bashir, denunciou nesta quarta-feira
"imensos crimes contra a humanidade", acusando as forças de segurança
de "homicídio premeditado".A polícia nega as acusações, e a emissora
estatal anunciou a abertura de uma investigação sobre a morte de manifestantes.
No entanto, na noite desta quarta, o sindicato de médicos acusou as forças de
segurança de persegui-los nos hospitais e de jogar bombas de gás lacrimogêneo
contra os feridos e ambulâncias.Apesar dos riscos, centenas de manifestantes
seguiam mantendo barricadas pela noite, especialmente nos subúrbios no norte da
capital, quando as marchas em outras cidades pelo país já tinham se dispersado.No
dia 25 de outubro, o general Abdel Fattah al Burhan, que dirigia o processo de
transição, declarou estado de emergência, dissolveu o governo provisório e
deteve os dirigentes civis que participavam do processo.Como consequência, os
EUA suspenderam uma ajuda de US$ 700 milhões (cerca de R$ 3,8 bilhões) ao Sudão. (
Fonte R 7 Noticias Internacional)
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