Primeiro festival aconteceu em apenas três cidades do Reino Unido e, desde então, foi incluído por 27 países.
Criado em 2013 por neurocientistas do Imperial College London, o Pint of Science surgiu após uma iniciativa em que pessoas afetadas por doenças como Parkinson e Alzheimer foram convidadas a visitar laboratórios e conhecer de perto o trabalho dos cientistas. A experiência foi tão positiva que os idealizadores decidiram inverter a lógica: levar os pesquisadores até onde as pessoas estão. O primeiro festival aconteceu em apenas três cidades do Reino Unido e, desde então, foi incluído por 27 países. No Brasil, é realizado há 10 anos, sempre com entrada gratuita, e tem se consolidado como um dos principais eventos de divulgação científica do país. Além de Goiânia, a edição de 2025 também acontece em outras capitais e cidades brasileiras, reunindo universidades, centros de pesquisa, bares parceiros. No estado de Goiás, a organização é feita pela Universidade Federal de Goiás (UFG). “O bar é um lugar descontraído, em que as ideias fluem aparentemente de forma espontânea, mas não é. O que nós sabemos, o que nós vivemos, o nosso cotidiano é todo impactado pela produção”, afirmou a reitora da UFG, Angelita Pereira, ao Jornal Opção. O Brasil e o mundo passa por uma época marcada por desinformação, discursos de ódio e uma crescente polarização política e social. Nesse cenário, discutir ciência se torna não apenas importante, mas urgente. A ciência é, por essência, um exercício de busca por verdades verificáveis, de construção de conhecimento baseado em evidências, de diálogo crítico e de revisão constante — justamente o oposto do que movem as fake news, as narrativas distorcidas e os ataques pessoais. “Bares são locais de muita conversa, inclusive de ciência informal. Quantos de nós já não discutimos assuntos científicos?”, questiona Nádia Costa, organizadora do evento em Goiânia. O Pint of Science busca, sobretrudo, fortalecer o papel da troca de conhecimento e se aproximar das comunidades, mostrando de forma clara como se produzem as evidências científicas.O festival internacional Pint of Science chegou a Goiás com programação confirmada em Goiânia, Anápolis e Formosa, entre os dias 19 e 21 de maio. Em ambientes descontraídos como bares e pubs, pesquisadores e pesquisadoras saem dos laboratórios e se reúnem com o público para conversar sobre tecnologia, saúde, educação, meio ambiente, comportamento e outros temas atuais de forma leve e acessível. A professora Carolina Horta, da Faculdade de Farmácia da UFG, falou sobre Inteligência Artificial que faz bem à saúde: pesquisas para desenvolvimento de fármacos. “Desde 2010, tenho aplicado essas ferramentas de IA para acelerar a descoberta de fármacos. Em todos esses processos, a IA consegue ser aplicada”, afirmou a professora ao Jornal Opção. Por exemplo, uma descoberta tradicional demora de 10 a 15 anos para que um novo medicamento chegue ao mercado. Com a inteligência artificial, o tempo pode reduzir para cinco, quatro ou até mesmo dois anos”, completa Carolina Horta. Com o tema “É tempo de mudanças” , o festival deste ano chama atenção para os efeitos das mudanças climáticas e convida a sociedade a refletir e agir sobre as transformações que já afetaram o presente. A iniciativa é gratuita, aberta ao público e não exige inscrição prévia. A ciência chega em boa hora: um período onde as mudanças climáticas deixaram de ser um alerta distante se se tornaram problemas atuais. Onde a tecnologia avança de forma assustadora e descontrolada e o ser humano precisa se reconectar consigo mesmo. Os temas das palestras vem como resposta às demandas da sociedade, uma população que muitas vezes não tem acesso à ciência. Além de ouvir quem está na linha de frente da produção de conhecimento, o público pode entender melhor como funciona o processo de criação de evidências que embasam políticas públicas, mudanças sociais e inovações. Para quem quiser inscrever-se em novas cidades na edição de 2026, o festival abrirá formulário específico no segundo semestre, disponível no site oficial e nas redes sociais.Programação em Goiânia Em Goiânia , o evento foi realizado no Rio Bahia Restaurante Bar , no Setor Marista, e no ThörDon Bierhaus Pub , no Setor Jaó. No ThörDon Bierhaus Pub, a abertura no dia 19 de maio foi com o professor Lucas Céleri, do Instituto de Física da UFG, que falou sobre os mistérios do tempo e do universo. Paralelamente, no Rio Bahia Restaurante Bar, o festival começou no dia 19 de maio com Carolina Horta, da Faculdade de Farmácia, que apresentou pesquisas sobre o uso de inteligência artificial no desenvolvimento de medicamentos . No dia 20, a pesquisadora Luciana Oliveira, da Faculdade de Ciências Sociais, propôs uma reflexão sobre, direitos humanos, dignidade e os desafios para “re-humanizar” a vida. Também no dia 20, terça-feira, a ecóloga Luísa Carvalheiro e a pesquisadora Elaine Silva , do Laboratório Lapig, debateram a relação entre biodiversidade do cerrado, desmatamento e mudanças climáticas. A programação se encerra nesta quarta-feira, 21 , com a palestra de Everton Luiz Loredo de Matos , da Escola de Música e Artes Cênicas, sobre a presença da música instrumental brasileira no cotidiano e nos games. Além do mais, a professora Ana Rita Vidica, da Faculdade de Informação e Comunicação, discutiu a história dos fotógrafos lambe-lambe e o poder das imagens no cotidiano.(Fonte Jornal Opção Noticias)