Museu Vivo guarda o choro
dos primeiros bebês brasilienses.
O
antigo hospital do DF completa 31 anos como local de resgate da cultura trazida
pelos que construíram a nova capital.
Nascida
no então Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira (HJKO), em 1966, a servidora
pública Áurea Viana faz parte da primeira geração de brasilienses. Filha da
pernambucana Dulce e do cearense Raimundo, ela levou os filhos para visitar o
seu lugar de nascimento, o Museu Vivo da Memória Candanga (MVMC), que celebra,
nesta segunda-feira (26), 31 anos de existência como uma instituição artística.
Fechado em razão da pandemia da covid-19, o equipamento cultural comemora o
aniversário com atividades on-line em suas redes sociais. No acervo,
fotos do fotógrafo e diplomata Joaquim Paiva, do acervo do MVMC e de
personagens históricos. Memórias da construção “O Museu Vivo da Memória Candanga é uma joia valiosa, que traz em
si essa dupla representatividade: o nascimento dessa primeira geração de
brasilienses e a salvaguarda da memória dos seus pais” Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura e Economia Criativa
Áurea conta que os filhos ficam curiosos quando percebem que hoje
a maternidade é um espaço que guarda memórias da construção de Brasília. “Sou a filha mais velha e nasci no HJKO, pois, no início da vida
de casados, meus pais moraram na Cidade Livre, atualmente, Núcleo Bandeirante.
Minha mãe conta que o hospital era uma bênção na vida de todos. Mesmo sendo de
madeira e muito simples, conseguia atender as necessidades da turma que
trabalhava para entregar a nova capital aos brasileiros. Eles foram guerreiros
e vencedores. Trabalharam e criaram os filhos com dignidade, e todos são
apaixonados por Brasília”, relembra. “O Museu Vivo da Memória Candanga é
uma joia valiosa, que traz em si essa dupla representatividade: o nascimento
dessa primeira geração de brasilienses e a salvaguarda da memória dos seus
pais”, afirma Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura e Economia Criativa.
Oferta desafiadora Nascido em 1959 no antigo HJKO, o empresário Tito Palmieri conta
que foi um dos primeiros filhos da capital. Registrado no livro 1, na página 2,
Tito revela que os pais vieram na época da construção com uma oferta
desafiadora para morar e trabalhar na nova cidade. O pai, o mato-grossense João
Cristóvão Palmieri, era médico do hospital e foi responsável por diversos
partos e intervenções cirúrgicas feitas na época. “O Museu une o passado com os dias atuais, momentos em que os
filhos de Brasília apontam as histórias vividas por seus pais e avós,
despertando assim o interesse em aprender costumes da época em que surgiu
Brasília” Eliane
Falcão, gerente do Museu Vivo da Memória Candanga Tito conta que o pai atuou como médico do Exército e foi um dos
principais agentes de saúde no HJKO. A família morou na W3 Sul, onde hoje é a
Quadra 711. “O Museu Vivo é um local onde,
sempre que vou, me emociono, por lembrar que eu e minha família fizemos parte
do início da capital do Brasil! Que o Museu Vivo seja sempre esse lugar de
lembrança e acolhimento, que seja sempre zelado e preservado”, desejou Tito
Palmieri. “O Museu une o passado com os
dias atuais, em momentos que os filhos de Brasília apontam as histórias vividas
por seus pais e avós, despertando assim o interesse em aprender costumes da
época em que surgiu Brasília”, explica Eliane Falcão, gerente do Museu Vivo da
Memória Candanga De maternidade a museu As casas do HJKO são, atualmente, o mais fiel conjunto de
arquitetura de madeira da época da construção da nova capital do país. Após o
crescimento do Distrito Federal, o primeiro hospital se transformou em um local
de resgate da cultura trazida pelos que se aventuraram em vir para construir
Brasília, o Museu Vivo da Memória Candanga. Regido pela Secretaria de
Cultura e Economia Criativa (Secec), o Museu Vivo, localizado entre as regiões
administrativas da Candangolândia e do Núcleo Bandeirante, foi inaugurado no
dia 26 de abril de 1990, com a destinação de preservar o legado deixado pelos
candangos na época da construção de Brasília.A charmosa alameda composta
de casas simples e coloridas, cercada por árvores frutíferas, faz parte do
cenário que torna o Museu “vivo”. As dependências do MVMC reúnem histórias de
diversas famílias que tomaram rumos diferentes do que imaginaram urbanistas,
engenheiros, missionários, políticos e arquitetos que idealizaram a nova cidade.
O ambiente alegre e com um ar interiorano
mostra a identidade acolhedora do povo brasileiro. O espaço fala por si só, com
uma verdadeira viagem ao passado com cenários, fotos e objetos antigos,
representando o suor dos corajosos trabalhadores que começaram uma cidade do
zero. Além de sua exposição permanente que retrata a vida dos candangos
(“Poeira, Lona e Concreto”), ao longo de sua trajetória, o Museu Vivo também se
tornou referência em oficinas prestadas à comunidade, seja por meio da
capacitação a partir de tradições e também por atividades curriculares voltadas
para estudantes do ensino fundamental, com noções de educação patrimonial e
pertencimento cultural. O olhar
de Joaquim Paiva Responsável pela maioria dos cliques feitos na época da construção
de Brasília, o fotógrafo e diplomata Joaquim Paiva manifestou seu sentimento
pelo Museu por meio do seu olhar subjetivo. Com parte de suas fotografias
ofertadas ao acervo do espaço, ele conta que, na época, a capital federal era
uma cidade ainda por se fazer. Seus contrastes, suas cores e formas o
cativaram, em seu primeiro trabalho fotográfico, realizado no Núcleo
Bandeirante. “Felicito em especial a todos aqueles que muito trabalharam
e contribuíram para a existência desse Museu, e espero que o Governo do
Distrito Federal continue a manter e valorizar o Museu Vivo da Memória
Candanga, em suas diversas atividades, e incentive a preservação e o
enriquecimento da sua coleção para o bom conhecimento e desfrute das novas
gerações”, manifestou Joaquim. (Fonte Portal Forte News
)
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