São 59 relatos de assédio sexual que envolvem Marcos Scalercio; 18
foram enviados ao Conselho Nacional do Ministério Público e 2 ao MP-SP.
A repercussão do caso do juiz e
professor de direito Marcos Scalercio,
acusado de assediar sexualmente alunas e colegas de trabalho, fez com que
outras vítimas decidissem compartilhar relatos semelhantes de assédio por parte
do magistrado.Em suas redes de atendimento, a Me Too Brasil, organização sem
fins lucrativos que oferece assistência jurídica gratuita a vítimas de
violência sexual, recebeu relatos de mais mulheres que disseram ter sido
assediadas por Scalercio. São ao menos 59 advogadas, estagiárias, juízas,
bacharéis e servidoras do TRT da 2ª Região. A ONG enviou à reportagem do R7 os prints das mensagens que recebeu dessas mulheres, que não
serão identificadas. Em comum entre os relatos, a conduta abusiva do
professor, com diversas investidas de cunho sexual, e, em vários casos, a
hesitação das vítimas em levar o caso a público por medo de retaliação e da
descrença em uma possível denúncia. Algumas delas se recusaram a levar adiante
as ocorrências pela dor de revisitar a experiência de assédio. Entre os
59 relatos, uma ex-aluna de Scalercio afirma que passou a sofrer de depressão e
síndrome do pânico. O impacto provocado a afastou por três anos dos estudos,
aos quais retomou apenas recentemente. “Achei que [os problemas que
sofri] eram só por não conseguir alcançar as notas. Mas, na verdade, isso
também pesou. Do tipo, ‘até onde vai a humilhação para conseguir alcançar um
sonho?’”, escreveu ela.Outro comportamento recorrente em boa parte dos relatos
é a resposta grosseira do professor ao desinteresse e às negativas de alunas às
suas tentativas. Segundo elas, Scalercio passava a tratá-las com indiferença,
respondia às suas dúvidas "de qualquer jeito" e, em alguns casos,
criticava as estudantes entre outros professores. “Eu já sofri! Depois que não
quis ficar com ele, começou a falar mal de mim para todos os professores. Ele
vai chegando dizendo que quer ajudar, mas é tudo mentira. Conheço várias
meninas que passaram por isso”, escreveu uma das vítimas.As provocações de teor
sexual são frequentes entre os prints enviados à organização. Em um dos casos,
uma aluna relata que foi até o professor para tirar uma dúvida, e ele respondeu
perguntando se ela gostava de “beijar na boca”. Outra estudante disse que
Scalercio havia prometido uma revisão de prova por videochamada, mas que,
quando abriu a câmera, estava nu, se masturbando. “Nojento. Nunca falei disso
com ninguém. Vou denunciar, sim. Sempre tive medo de retaliação no concurso,
que é o sonho da minha vida”, lamentou.Uma denunciante enviou o print de sua
conversa com o juiz, que havia feito a ela uma pergunta sobre sexo. Ela disse a
ele que, embora o considerasse “um cara incrível”, se sentiu constrangida com a
mensagem. Em resposta, Scalercio desconsiderou o incômodo da mulher: “Uma pena
que cortou [a conversa]. Boa noite e sucesso pra você.”Ao todo, dos 59 relatos
recebidos pelo Me Too Brasil, 18 foram encaminhados ao Conselho Nacional do
Ministério Público e 2 ao MP-SP (Ministério Público de São Paulo).Acusações As denúncias recebidas pelo Me
Too Brasil envolvem acusações de assédio sexual a três mulheres, cometidas
entre os anos de 2014 e 2020. A organização encaminhou as denúncias para o CNJ
(Conselho Nacional de Justiça), em Brasília, após o TRT da 2ª Região ter
afirmado que não havia provas suficientes para a abertura do processo.As
denunciantes são advogadas, estagiárias, juízas, bacharéis e servidoras do TRT.
Segundo o relato das vítimas, elas foram agarradas e forçadas a beijar
Scalercio em espaços privados e públicos. Uma delas o denunciou após ter
participado de uma reunião de vídeo em que o juiz estava completamente nu e se
masturbando, de acordo com o Me Too.Em nota, o CNJ informou que os fatos
relacionados ao juiz Marcos Scalercio estão sendo apurados sob segredo de
Justiça. O pedido de providências é uma apuração preliminar, na qual ocorre a
avaliação do fato e das provas existentes para estabelecer se a infração foi
cometida ou não. Caso seja comprovada, poderá acarretar um processo
administrativo disciplinar. Caso contrário, ocorrerá o arquivamento do
procedimento.O Me Too BR divulgou uma atualização a respeito do caso no início
da noite desta quarta-feira: “Até esta quarta (17/8), rebemos 59 relatos de
assédio pelas redes de atendimento do Me Too Brasil e o Projeto Justiceiras.
Desses 59 relatos, 18 foram encaminhados ao Conselho Nacional do Ministério
Público e 2 ao Ministério Público de São Paulo.”Defesa
do juiz Em nota, os advogados de defesa do juiz afirmaram que as
acusações contra Marcos Scalercio "já foram objeto de crivo e juízo de
valor pelo órgão correcional e colegiado do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª
Região. Ele foi absolvido pelo tribunal e o caso foi arquivado".Segundo os
advogados, foram ouvidas 15 testemunhas no processo. "O arquivamento,
portanto, demonstrou que o conjunto probatório é absolutamente insuficiente
para dar lastro em qualquer dos fatos relatados."Ainda em nota, a defesa
destaca que o juiz nãquo é investigado criminalmente: "Scalercio não
responde a qualquer resvalo na esfera criminal, sendo inverídica a informação
que parte do pressuposto que o magistrado está denunciado criminalmente. É
profissional de reconhecida competência e ilibada conduta pessoal, quer seja no
âmbito acadêmico, quer seja no exercício da judicatura".( Fonte R 7
Noticias Brasil)
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