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quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Historiador analisa origem da escravidão negra em Goiás e destaca resistência de quilombolas

De acordo com o pesquisador, as condições impostas aos trabalhadores escravizados eram extremamente adversas.

A escravidão negra em Goiás remonta ao ciclo da mineração no século XVIII, período em que exploradores que chegaram à região trouxeram consigo escravizados provenientes principalmente da Bahia, do Rio de Janeiro e de áreas da África Ocidental e Central. Segundo o professor Daniel Precioso, doutor em história, esses grupos, identificados como “Minas”, “Angolas”, “Congos”, “Benguelas”, além de “Crioulos” e “Mulatos” nascidos no Brasil, compunham a base da força de trabalho em núcleos mineradores como Vila Boa, atual Cidade de Goiás, e o Arraial da Meia-Ponte, hoje Pirenópolis. De acordo com o pesquisador, as condições impostas aos trabalhadores escravizados eram extremamente adversas. Ele afirma que “as condições de trabalho nas minas de Goiás eram degradantes e ocasionavam muitas doenças”, uma vez que passavam horas submersos na água, expostos ao sol e submetidos à violência dos capatazes. Para ele, esse cenário contribuía para a fuga individual ou coletiva dos escravizados: “A má alimentação e a violência dos capatazes constituíam elementos adicionais, levando muitos escravizados à fuga.” Com a decadência da mineração e a ascensão da agropecuária no século XIX, a mão de obra escrava foi deslocada dos centros urbanos para as fazendas. Nesse processo, segundo o autor, comunidades de fugitivos começaram a se formar nas imediações das fazendas e arraiais. Ele define esses agrupamentos como uma espécie de “válvula de escape do sistema escravista”, oferecendo refúgio temporário ou permanente aos que buscavam autonomia e resistência. O pesquisador destaca ainda que a fuga era uma decisão arriscada. “Perambular sem a autorização senhorial e sem comprovar a liberdade era arriscado”, avalia, lembrando que a prisão e o açoite público eram possibilidades reais para negros e mulatos do Brasil colonial e imperial. Ele observa que capitães-do-mato circulavam com descrições de escravizados fugidos e que, no século XIX, seus senhores publicavam anúncios de fuga em jornais como o Correio Official de Goyaz. Para muitos, juntar-se a um quilombo era uma alternativa de sobrevivência: “Juntar-se a outros fugitivos em um quilombo era uma forma de obter proteção e subsistência.” Os quilombos, conforme o artigo, se organizavam com roças, armas e mecanismos de defesa contra ataques de capitães-do-mato e milícias enviadas pelas autoridades. Nas fronteiras da Capitania e, posteriormente, Província de Goiás, surgiram alguns dos mais importantes quilombos da região, como o Ambrósio, no atual Triângulo Mineiro e sul de Minas, e o Kalunga, no Vale do Paranã, onde hoje se localizam norte de Goiás e sul do Tocantins. Para o autor, esses núcleos foram fundamentais para preservar culturas africanas e ressignificar a vida em liberdade. “Estes quilombos constituíam comunidades permanentes de fugitivos, que ali procuravam reviver a liberdade perdida com o cativeiro forçado e reconstruir as culturas africanas originárias”, afirma. Algumas dessas comunidades resistiram ao tempo e são hoje reconhecidas como remanescentes quilombolas do Estado de Goiás. Entre elas, o pesquisador destaca a Comunidade Quilombola Kalunga, considerada a maior do estado, e a Comunidade Quilombola do Cedro, em Mineiros, fundada por Chico Moleque no fim do século XIX e ainda ativa.Fonte Jornal Opção Noticias Go.

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