Ambos se encontraram na capital portuguesa para estabelecer uma aliança que ficou conhecida como Frente Ampla.
Em 1966, o ex-Presidente Juscelino
Kubitschek e o ex-governador da Guanabara, Carlos Lacerda, tiveram um encontro
em Lisboa. Naquela época, Juscelino já não tinha mais direitos políticos, pois
fora cassado pelos militares. Lacerda ainda tinha direitos políticos, mas seus
posicionamentos contrários ao governo militar incomodavam os quartéis. Ambos se
encontraram na capital portuguesa para estabelecer uma aliança que ficou
conhecida como Frente Ampla e que uniria as lideranças civis que foram marginalizadas
pelo golpe de 1964. Até o ex-presidente João Goulart aderiu à frente. Lacerda
fora implacável em sua oposição ao Governo JK (1956-1960). Em meados dos anos
1960, os dois deixaram de lado as rusgas do passado e firmaram uma aliança para
defender a volta dos civis ao poder. Dias depois desse encontro, Juscelino
escreveu um artigo para a Revista Manchete explicando o que aconteceu em
Lisboa. Muita gente não acreditou que aqueles dois políticos que ficaram em
campos opostos durante tantos anos, em 1966, se encontravam com um sorriso
estampado no rosto como se fossem amigos de infância. O ex-presidente falou
que, aquele momento não era de ódio, mas sim de paz e recordou uma fala de
Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos na época da Guerra da Secessão
(1861-1865): “Se eu não me colocar como uma muralha entre os ódios que dividem
a nação, ela perecerá”. Kubitschek também recordou de outro líder, o britânico
Winston Churchill: “Aqueles que se prendem ao passado, perdem o futuro que os
guia”. Realmente, naquele segundo semestre de 1966, o Brasil precisava de paz.
O Congresso Nacional pressionado a aprovar uma nova Constituição e a sucessão
do Marechal Humberto de Alencar Castello Branco se aproximando. Os civis não
participariam dessa eleição presidencial. Por longos dezenove anos, a
Presidência da República seria ocupada por um militar. Em 1966, o Marechal
Arhur da Costa e Silva, ministro da Guerra, impôs o seu nome como o sucessor de
Castello. Pressão e imposição foram palavras comuns no dicionário da ditadura
brasileira que só estava no seu segundo ano de governo. As lições de Abraham
Lincoln e Winston Churchill tiveram valor para Carlos Lacerda e Juscelino
Kubitschek. Leia também: Do tempo que o jornalista andava com gravador, caderneta e agenda
telefônica.(Fonte Jornal Opção Noticias GO)
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