Quase
3 semanas após tomar o poder, grupo ainda não anunciou quem formará o gabinete;
combates continuam em Panshir.
O Afeganistão ainda esperava nesta sexta-feira (3) pela formação de seu novo governo quase três semanas após o retorno ao poder do Talibã, cuja reconquista relâmpago do país continua enfrentando um foco de resistência no Vale de Panshir.Leia também: Afeganistão deve ter corredor humanitário em até 48 horas O anúncio do gabinete, que o Talibã prometeu ser representativo e tolerante, era inicialmente esperado após a oração de sexta-feira, mas um porta-voz do movimento disse à AFP que o anúncio não aconteceria até pelo menos sábado.O movimento radical islâmico enfrenta o desafio de deixar de ser um grupo insurgente para administrar o poder, poucos dias depois da retirada final das tropas americanas, o que encerrou duas décadas de guerra.No entanto, o grupo continua lutando para apagar a última chama de resistência no vale do Panshir, que resistiu por uma década à ocupação da União Soviética e também ao primeiro governo do Talibã entre 1996 e 2001. Ali Maisam Nazary, um porta-voz da resistência em Pashir que estaria fora do vale, mas em contato com o líder principal, Ahmad Masud, afirmou nesta sexta que os combates seguem "intensos".Nas últimas horas do dia, tiros comemorativos foram ouvidos em Cabul, quando rumores se espalharam de que o vale havia caído, mas o Talibã não fez nenhuma declaração oficial e um residente local disse à AFP por telefone que os rumores eram falsos.Os combatentes do Frente Nacional de Resistência (FNR), formado por milícias anti-Talibã e antigas forças de segurança afegãs, têm grandes reservas de armas no vale, localizado a cerca de 80 km ao norte de Cabul.Contas do Twitter pró-Talibã divulgaram vídeos que afirmavam que os combatentes do novo regime retomaram os tanques e outros equipamentos militares pesados.Indícios de contato Enquanto a maioria da comunidade internacional adotou uma abordagem de cautela e receio com os novos líderes, há alguns indícios de interação por parte de alguns países. A China confirmou a informação de um porta-voz do Talibã, segundo a qual o ministério das Relações Exteriores chinês se comprometeu a manter aberta sua embaixada em Cabul e a melhorar suas relações."Esperamos que os talibãs estabeleçam uma estrutura política inclusiva e aberta, promovam uma política interna e externa moderada e estável e rompam com todos os grupos terroristas", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin. O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, anunciou nesta sexta que viajará na semana que vem ao Catar para conversas sobre a crise afegã.Blinken também irá à Alemanha para organizar, em conjunto com seu homólogo alemão Heiko Maas, uma reunião ministerial virtal de 20 nações sobre o Afeganistão.O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, convocou uma reunião de alto nível sobre a ajuda humanitária ao Afeganistão em Genebra para o dia 13 de setembro.Já os países da União Europeia (UE) decidiram se coordenar para manterem uma presença em Cabul, com o objetivo de facilitar as retiradas daqueles que desejam sair do país, caso as condições de segurança permitam.As Nações Unidas anunciaram a retomada de seus voos humanitários com destino a algumas cidades do país, enquanto os Emirados Árabes Unidos enviaram um avião com "ajuda médica e alimentar urgente".Além disso, as empresas Western Union e Moneygram reativaram seus serviços de transferência de dinheiro no país, dos quais muitos destinatários afegãos de remessas de parentes emigrados dependem. À beira do desastre Mesmo antes da conquista relâmpago do Talibã, o Afeganistão já era fortemente dependente da ajuda externa, com 40% de seu PIB vindo de financiamento internacional.A ONU alertou que há 18 milhões de pessoas à beira de um desastre humanitário e que esse número pode dobrar muito rapidamente.O Catar espera estabelecer corredores humanitários nos aeroportos afegãos em 48 horas, disse o emissário de Doha para o Afeganistão à Al Jazeera nesta sexta-feira.Os novos líderes afegãos prometeram um regime mais aberto em relação ao que esteve no poder entre 1996 e 2001, conhecido pela aplicação brutal da lei islâmica e pelo tratamento diferenciado às mulheres, que eram proibidas de estudar, trabalhar ou sair sem a companhia de um homem.A atenção se volta agora para ver se o Talibã consegue formar um governo capaz de dirigir uma economia devastada pela guerra, assim como honrar suas promessas de um governo "inclusivo".Protesto das mulheresHá muita especulação sobre sua composição, embora um alto funcionário tenha dito esta semana que dificilmente incluirá mulheres.Em Cabul, cerca de 30 mulheres fizeram uma manifestação para exigir seu direito ao trabalho e um governo inclusivo, um dia depois que várias dezenas de outras mulheres fizeram um protesto semelhante na cidade de Herat, no oeste do país.Os direitos das mulheres são apenas um dos múltiplos desafios do novo governo. Em Cabul, muitos cidadãos se preocupam com as dificuldades econômicas do país."Com a chegada do Talibã, pode-se dizer que há segurança, mas os negócios estão abaixo de zero", disse à AFP Karim Khan, dono de uma loja de eletrônicos.No entanto, nesta sexta-feira Cabul apresentava sinais de normalidade, onde uma sala ficou lotada para assistir aos melhores jogadores de críqueteno do Afeganistão em uma partida, com bandeiras talibãs e afegãs balançando uma ao lado da outra.( Fonte R 7 Noticias Internacional)